Em Maio de 2012, OS PANTHANAS passaram pelo Sesc Campos na cidade de Campos de Goytacazes no estado do Rio de Janeiro. Lá foram recebidos pelo poeta, fotógrafo de mão cheia, videomaker e agitador cultural Artur Gomes, nos levou para conhecer seu local de trabalho e fez uma entrevista com Junior Brassalotti sobre politica, circo e cinema em função do Curta Santos. Reproduzimos aqui no nosso Blog essa entrevista e o link abaixo para o post original.
E dedicamos o dia aos amigos que a cultura nos dá.
Um dos prazeres de se trabalhar com arte é, ter um pé nas raízes na sua terra e outro sempre na estrada, conhecendo novas realidades, sotaques e principalmente pessoas. Artur é um cavalheiro e artista sensível, seus poemas nos levam a outros lugares e seus videos a outros mundos.
Parabéns aos vários poetas do nosso Brasil.
A entrevista:
Os
atores santistas Junior Brassalotti e Sidney Herzog passaram por Campos
dos Goytacazes no último final de semana com o sensacional espetáculo
Palhaçada Federal, provocando gargalhadas gerais no Teatro do Sesc onde
foi apresentado na última sexta feira 11.
Junior,
além de ator e produtor cultural é Diretor de Produção do Festival
Curta Santos, que este ano chega a sua décima edição com uma homenagem
ao futebol arte em suas várias Mostras, que será realizada de 17 a 23 de
setembro.
Além
disso Junior tem sido um grande parceiro na divulgação do Festival de
Cinema do IFF.
Aproveitando sua estada entre nós, o levamos para conhecer os Espaços do Campus Campos Centro, onde começamos a aprofundar uma parceria onde breve possamos ter em nosso campus uma Retrospectiva de várias Edições do Curta Santos.
Aproveitando sua estada entre nós, o levamos para conhecer os Espaços do Campus Campos Centro, onde começamos a aprofundar uma parceria onde breve possamos ter em nosso campus uma Retrospectiva de várias Edições do Curta Santos.
A seguir um bate papo com Junior Brassalotti sobre Teatro e Cinema
1. Como começou o Festival Curta Santos?
Começou como todo bom projeto de cultura: numa mesa de bar! Num bate papo logo após o encerramento de um festival estadual de teatro que organizávamos aqui, Bete Mendes e o escritor e cineasta José Roberto Torero, que eram homenageados no evento, comentaram que poderíamos fazer um festival de cinema, que a cidade era ideal para isso e etc. Ficou por ai a ideia mas a vontade surgiu. No ano seguinte, recebemos uma ligação do Torero que tinha marcado uma reunião com a produtora dele de São Paulo, a Zita Carvalhosa, que é a diretora do festival Internacional de Curtas Metragens de São paulo, um dos 5 maiores do mundo e lá fomos nós conhecê-la. Trouxemos uma mostra itinerante do festival pra Santos aquele ano, 2002 e tínhamos uma mostra de filmes regionais, a mostra Curta Santos - Olhar Caiçara, apareceram 26 curtas, que exibimos sem seleção a titulo de incentivo, na edição do ano passado tivemos mais de 180 trabalhos produzidos pela Região... e o mais interessante não é o crescimento numérico, e sim qualitativo.
2. Como é você um homem de teatro estar a frente de um Festival de Cinema?
É
unir o útil ao agradável. Comecei no teatro pois era apaixonado por
cinema, não sabia que um dia iria conseguir trabalhar com cinema, ainda
mais na produção de algo que me possibilita ser o elo de ligação de
obras fantásticas com o público. Ao pensar cultura, penso em acesso,
filmes são feitos para serem vistos, é um orgulho poder ajudar tantos
filmes a circular e encontrar suas platéias! Fora que podemos brincar
todo ano com o fazer teatral nas nossas aberturas, onde não seguimos o
padrão dos festivais, que é exibição e falas institucionais, fazemos
grandes e elaboradas encenações, homenagens ensaiadas com grupos de
teatro, bailarinos, bandas, fazemos um show realmente onde os palcos dos
teatros celebram a eternidade que o cinema dá ao trabalho dos artistas.
3. Como você vê a perspectiva de uma parceria do curta Santos com o Festival de Cinema do IFF?
É algo muito rico e que deve servir de exemplo pra tantas instituições e festivais. Desde sempre nós tentamos achar parceiros criativos, com os quais possamos realizar ricos intercâmbios e trocas de experiências onde quem sai ganhando, mais uma vez é o publico e o realizador, que vê sua obra indo ao quatro cantos através de parcerias como essa. Fora que tive o prazer de conhecer os espaços da IFF e ver a estrutura física fantástica de lá e a provocação e formação de cidadãos criativos e pensantes que, com certeza, farão diferença na sociedade.
4. Recentemente você e Sidney Herzog, passaram por Campos dos Goytacazes apresentando o espetáculo Palhaçada Federal no Teatro do Sesc seguido de um bate papo descontraído comum grupo de estudantes. Para vocês houve alguma novidade na colocação deles sobre a problemática que o espetáculo coloca em discussão?
Houve
sim, na medida que estávamos em outra cidade com uma configuração
política diferente (ou igual?) a nossa aqui em Santos. Aliás, adoramos
nossa passagem por Campos, publico atento, vivo, participativo, que
interagiu, riu, dialogou. Muito gostoso mesmo! Tivemos várias
impressões, subjetivas e objetivas a respeito
do espetáculo e principalmente sobre o tema, pudemos entrar em contato
com pessoas que se indignam com os absurdos dos nossos representantes
eleitos e propor um ágora, um espaço de discussão, não apenas estética,
mas de ideias, de troca de angústias e de utopias possíveis. Voltamos
pra Santos repensando várias coisas a partir do papo com a plateia de
Campos, o que só enriquece nosso trabalho.
Sidney Herzog e Junior Brassalotti em Campos. Foto de Artur Gomes
5. A opção por uma linguagem circense no Palhaçada Federal, foi a forma encontrada para que vocês pudessem apresentar ao público de uma forma bem humorada, um conteúdo tão sério, como a corrupção política no país?
Sim,
o circo é a maneira que esse coletivo encontrou para dialogar com sua
plateia. Utilizamos a linguagem circense para ajudar a contar nossa
história, e através da poesia visual e lúdica do circo e do riso do
palhaço, botar o dedo em algumas feridas do Brasil, em especial na
corrupção na política brasileira, que tem a capacidade de nos
surpreender a cada dia, quando pensamos que já vimos tudo... lá vem eles
com um estratagema novo! E lá estamos nós, atentos. Queremos sim o
riso, é nossa função, mas o riso acompanhado da reflexão, afinal a raiz
do riso é sempre a lágrima.
Aqui um pouco de Artur Gomes:
Drummundo
eu sou drummundo
e me confundona matéria amorosa
posso estar na fina flor da juventude
ou atitudede uma rima primorosa
e até na pele/pedraquando me invoco
e me desbundo baratino
e então provoco umbarafundo cabralino
e meto letra no meu versoestando prosa
e vou pro fundo do mais fundo
o mais profundo mineral
guimarães rosa
Artur Gomes
do som dessa palavra
nasce uma outra palavra
fulinaimicamente
no improviso do repente
do som dessa palavra
nasce uma outra palavra
fulinaimicamente
brasileiro sou bicho do mato
brasileiro sou pele de gato
brasileiro mesmo de fato
yauaretê curumim carrapato
em rio que tem piranha
jacaré sarta de banda
criolo tô na umbanda
índio fui dentro da oca
meu destino agora traço
dentro da aldeia carioca
Jackson do Pandeiro
Federico Baudelaire
nas flores do mal me quer
Artur Rimbaud na festa
de janeiro a fevereiro
itamar da assunção
olha aí Zeca Baleiro
no olho do mundo
no olho do mundo cão
Artur Gomes
Para conferir o post original: http://jurasecretaumaoutra.blogspot.com.br/2012/05/artur-gomes-entrevista-junior.html
E para mais poesia de Artur: http://www.artur-gomes.blogspot.com.br/
E para conferir ele por ele mesmo: http://www.youtube.com/watch?v=_NdCVqrMRs0&feature=player_embedded
E aproveitando, UMA PALHAÇADA FEDERAL volta para apresentações em Santos nesse sábado as 17h na Fonte do sapo e Domingo na Mostra de Teatro de Rua da Zona Norte, aguardem maiores informações!!!
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